Apresentação

A Rede Latino-Americana e Africana de Pesquisadores em Privatização da Educação (ReLAAPPe) se constitui a partir da ação voluntária de pesquisadores e pesquisadoras da América Latina e África, cujo intuito é reunir reflexões e promover diálogos acerca dos processos e efeitos da privatização da educação, tendo por princípio a educação como direito humano fundamental e o fortalecimento dos sistemas públicos como premissa para sua concretização. Dessa iniciativa se vislumbra avançar na construção dos conhecimentos sobre o tema e contribuir com a materialização do direito à educação.

A ReLAAPPe é uma iniciativa do Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (GREPPE) e contou com a pronta adesão das pesquisadoras e pesquisadores que compõem o grupo de fundadores, constituído por membros da América Latina, da África e de outras regiões que estudam e publicam sobre a temática da privatização da educação.

 

Release de lançamento da ReLAAPPe

 

Depoimentos de pesquisadores associados sobre a criação da ReLAAPPe:

“Neste momento, os processos de privatização se assemelham em todo o mundo. Articularmos as iniciativas e os atores que se colocam a favor da educação como bem público, um direito de todos e dever do Estado é extremamente importante. Em primeiro lugar, pela possibilidade de compartilharmos experiências de resistência, aprendendo uns com os outros, de desenvolvermos estudos comparativos e traçarmos estratégias comuns. Em vista disso, a criação da ReLAAPPe é alvissareira. Cresce a necessidade de articulação internacional. Nessa medida, temos a possibilidade de uma troca proveitosa com os companheiros da África. Nesse particular há muito a se aprender, pois muitas iniciativas em aplicação mundo afora foram testadas primeiro na África”.
Romualdo Oliveira – Universidade de São Paulo (USP) | Brasil 

“A criação da ReLAAPPe é importante devido à necessidade de acrescentar outras vozes à discussão internacional nesta área e de criação de sinergias e mecanismos para troca de experiências entre pesquisadores dos dois continentes. É também importante num momento em que assistimos a uma crescente participação de atores que mediam as relações entre o público e o privado no campo educacional, principalmente associados a fluxos de cooperação para desenvolvimento, como por exemplo a Parceria Global pela Educação que é um fundo multilateral que recentemente lançou uma estratégia para a o setor privado definindo que este tipo de financiamento para os países do Sul Global pode ser canalizado para operadores que têm por fim o lucro. O diálogo entre a América Latina e África poderá proporcionar que experiências, conhecimento, inovações e práticas possam fluir entre pesquisadores, e acrescentar outras vozes e outros contextos à discussão internacional nesta área, tendo por base numa ecologia de saberes”.
Rui da Silva – Universidade do Porto | Portugal

“A criação da Rede é de extrema relevância para o aprofundamento das pesquisas que vêm sendo realizadas em diferentes países e, em especial, por possibilitar a análise das políticas de privatização da educação em diferentes contextos de países capitalistas periféricos em que o direito universal à educação pública, gratuita e de qualidade social ainda não foi implementado. Possibilitará, ainda, a articulação de pesquisadores por meio de realização de pesquisas conjuntas sobre o avanço da privatização e da transformação da educação em mercadoria rentável ao capital por meio de grupos empresariais e corporações globais com atuação em vários países. Certamente que a socialização e divulgação das pesquisas realizadas pelos pesquisadores de países da América Latina e da África poderá contribuir não apenas para a disseminação do conhecimento científico, como criar condições para realização de estudos comparados de forma a identificar como os processos de privatização da educação ferem o direito fundamental à educação das populações pobres desses países e propor estratégias de superação desse processo que contribui para a manutenção desses países em condições desumanas”.
Vera Lúcia Jacob Chaves – Universidade Federal do Pará (UFPA) | Brasil

“Penso que a ReLAAPPe nasceu da experiência de um trabalho de mais de uma década de pesquisadores que iniciaram com pesquisas coletivas. Tinham como objetivo conhecer as especificidades do objeto na sua localidade, em diferentes regiões brasileiras, mas também entender como a relação público privada era e é parte de um movimento de profundas mudanças no projeto societário. Discutíamos empiria, metodologia, contexto e conceitos. Assim, os grupos locais cresceram e iniciaram suas pesquisas, e na prática a rede iniciou. Cresceu a necessidade de buscar o diálogo com outros pesquisadores, do Brasil e de distintos países, para trocar conhecimentos, instrumentos, metodologias, referenciais teóricos e também para entender as especificidades dos países e ao mesmo tempo o que temos em comum e que é parte deste período particular do capitalismo. Cresceu também a necessidade de estarmos juntos em momentos tão difíceis para a democracia brasileira em particular, mas também mundial. Juntos somos mais fortes, vida longa a ReLAAPPe. Penso que as contribuições que o diálogo entre América Latina e África podem proporcionar para o conhecimento e o debate sobre os processos de privatização da educação, são principalmente, a interlocução teórica com pesquisadores, a possibilidade de dialogar sobre instrumentos e conceitos para analisar diferenças e semelhanças entre realidade com trajetórias e correlação de forças específicas, mas que vivem o mesmo período particular do capitalismo de crise e diminuição de direitos sociais universais materializados em políticas públicas”.
Vera Peroni – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)